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A avassaladora sensação de um amor que nos recebe sempre em festa, mas acaba tão depressa...

Se ter um cão pode ser difícil, imaginem o que é ter dois. Ter dois cães grandes num apartamento pequeno, com um terraço ainda mais pequeno. Ter dois cães no meio de vida preenchida, repleta de coisas para fazer.

Ter dois cães pode ser deveras difícil. Lembrem-se: São dois seres sensíveis, totalmente diferentes e inteiramente dependentes de nós. Têm ritmos distintos. Querem fazer coisas ao seu tempo. Aprendem de forma diferente. Vivem a vida a seu jeito. E exigem de nós tanta coisa e tanta coisa diferente - o companheirismo, as brincadeiras, os passeios, os banhos, os cuidados, a paciência que muitas vezes nos falta e o tempo que tantas vezes escasseia.

Ter dois cães dá muito trabalho. Obriga-nos a um grande esforço, a ajustar as nossas rotinas e a pensar em toda a logística. E, além de tudo, enche a casa de pêlo e mais pêlo. 

Mas ter dois cães nas nossas vidas pode ser tão, mas tão, maravilhoso que não se consegue explicar em palavras. Pinta a nossa vida de cor. Preenche momentos vazios. Ensina-nos que o mesmo amor e a mesma forma de educar podem ter consequências completamente dispares porque... "cada cão é um cão". 

Ter dois cães é ser dono a dobrar. E, por isso, é ter  alegrias a dobrar, uma alegria tamanha que duvido que alguma outra realidade seja capaz de proporcionar. E ser dono não é ser pai, ou mãe, mas não lhe fica muito atrás. Sei que meio mundo me vai cair em cima por ter acabado de escrever esta frase e outro meio mundo vai achar que poderia ter ido ainda mais além. Qual a diferença? É que a primeira metade nunca teve a felicidade de ter um cão na família e a segunda conhece bem esta sensação. A sensação de chegar a casa e ser recebido em euforia, a imensidão da reação de gratidão quando lhes fazemos as vontades, o coração aperadinho quando estão doentes, o avassalador sentimento que nos causa aquele olhar de quem sabe que nada os conforta como o nosso colo e o nosso amor.

Cá em casa, foram o Gil e o Artur que me ensinaram tudo isto. Foram estes dois seres maravilhosos, cada um ao seu jeito, que nos uniram e que nos fizeram descobrir o amor. Foram eles que, tantas vezes, nos fizeram sorrir e nos mantiveram unidos. Foram eles, aliás, que me ensinaram que há um amor incondicional que não se explica e que, sobretudo, nunca acaba.

Mas a vida é-lhes ingrata e tira-os de perto de nós mais depressa do que deveria. 
Esta semana, estamos a aprender o que é ser dono sem ser a dobrar. O que é ter apenas um cão para mimar, cuidar ou passear. E há um aperto no peito que dói e dói ainda mais quando percebemos que a rotina mudou.

O nosso Gil partiu para longe, para o céu dos cães. Estará lá com toda a certeza porque foi o melhor cão que se pode ter. Tocou a vida de muitos: donos, amigos e outros cães. Foi o companheiro inseparável do dono, nos bons e nos maus momentos. Foi o protetor sempre alerta para que ninguém nos fizesse mal. Foi o doce que corria para a dona (quando o dono se zangava) e me pedia mimos, tantos que o dono me acusava de o "estragar". E foi, acreditem, o melhor "irmão" que o Artur poderia ter tido, que o ensinou a ser cão, a defender-se, a brincar, a ser sério quando assim tinha que ser e a acreditar em si próprio. Fê-lo como nunca nenhum de nós teria conseguido, com toda a sua tranquilidade, com uma paciência infindável e um amor verdadeiramente fraterno. 

Nestes momentos, as palavras ajudam a acalmar a dor. Mas, ao mesmo tempo, fogem. Não há como escrever tudo aquilo que se sente. Foram 13 anos de um amor que nunca acaba e esta semana ainda estamos a aprender a viver sem ti, nosso GIL.

Comentários

  1. Olá,
    Como te percebo, adorei estas palavras e, certamente o Gil (no céu dos cães) iria adorar.
    Bjs e muita força!

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