Lá está ela, sempre sentada naquele banco de jardim horrível. Uma imagem triste, quase desprezível até. Roupas sem graça, cabelo penteado à força e aquele rosto nunca deve ter sentido o poder da maquilhagem. Podia ter algum cuidado consigo própria e com a sua imagem. Mas para quê?
Ninguém olha para ela! Está sempre sozinha. E, ironicamente, tem tanto medo da solidão. É por isso que se senta ali. Vive a vida que os outros a deixam viver, observando-os a medo e imaginando o que os espera quando regressa a casa. Só fala se alguém falar com ela e, mesmo assim, reza para que não vão incomodá-la. Quando o fazem, frequentemente é para gozarem da sua tristeza. E nada faz para se defender. Limita-se a esperar que acabe.
Aquele pobre ser nunca soube o que é ter auto-confiança. Acreditar em si e no seu potencial. Infelizmente, não teve quem a ensinasse que é possível. Viveu sempre num lar desestruturado, onde faltava tudo – pão, amor e educação. Nunca se sentiu capaz de seguir e ir atrás dos seus sonhos. Para isso, é preciso uma segurança que não tem. Também nunca teve grandes sonhos. Afinal quem pode sonhar sem nunca ter lido um livro? Sem tocar a areia com os pés, fechar os olhos e sentir a brisa do mar?
Pensou muitas vezes em partir. Mas para onde? Não conhecia nada mais além da sua aldeia. Não tem amigos. Mesmos nos tempos de infância, eram poucos os que tentavam irromper pelo seu mundo cinzento e logo acabavam por desistir. Na escola, ficava sentada, como ali naquele banco, a ver os outros brincar. A professora sempre lhe dissera que não iria longe, por não ser capaz. E não foi.
Também nunca sonhou em ter família. Como poderia? Além de pouco inteligente, sabia também ser muito feia. Os seus cabelos sempre foram um emaranhado de fios em que a escova custava a entrar. A mãe cedo a ensinou que “o melhor era fazer um apanhado e pronto”. Roupas novas nunca teve. Não havia dinheiro. Ficava com as da irmã, da prima e das vizinhas. A maioria já estragadas, mas “ainda serviam”. A sua imagem feia, triste, desconfiada e amargurada nunca iria atrair ninguém. Nem mesmo ela própria.
Nas tardes que passa no jardim, naquele banco sujo e partido, não raras vezes sei que está a olhar para mim. Gostava de lhe poder um bocadinho da minha luz. Não há pessoas perfeitas e ambas sabemos disso. A diferença é que, felizmente, ensinaram-me a acreditar em mim mesma, como em mais ninguém. A saber que não sou, nem de longe nem de perto, uma modelo de capa de revista, mas posso ser bonita à minha maneira. E sobretudo, aprendi a ser feliz comigo mesma - coisa que quem se senta no banco a ver a vida passar, nunca saberá.
Ninguém olha para ela! Está sempre sozinha. E, ironicamente, tem tanto medo da solidão. É por isso que se senta ali. Vive a vida que os outros a deixam viver, observando-os a medo e imaginando o que os espera quando regressa a casa. Só fala se alguém falar com ela e, mesmo assim, reza para que não vão incomodá-la. Quando o fazem, frequentemente é para gozarem da sua tristeza. E nada faz para se defender. Limita-se a esperar que acabe.
Aquele pobre ser nunca soube o que é ter auto-confiança. Acreditar em si e no seu potencial. Infelizmente, não teve quem a ensinasse que é possível. Viveu sempre num lar desestruturado, onde faltava tudo – pão, amor e educação. Nunca se sentiu capaz de seguir e ir atrás dos seus sonhos. Para isso, é preciso uma segurança que não tem. Também nunca teve grandes sonhos. Afinal quem pode sonhar sem nunca ter lido um livro? Sem tocar a areia com os pés, fechar os olhos e sentir a brisa do mar?
Pensou muitas vezes em partir. Mas para onde? Não conhecia nada mais além da sua aldeia. Não tem amigos. Mesmos nos tempos de infância, eram poucos os que tentavam irromper pelo seu mundo cinzento e logo acabavam por desistir. Na escola, ficava sentada, como ali naquele banco, a ver os outros brincar. A professora sempre lhe dissera que não iria longe, por não ser capaz. E não foi.
Também nunca sonhou em ter família. Como poderia? Além de pouco inteligente, sabia também ser muito feia. Os seus cabelos sempre foram um emaranhado de fios em que a escova custava a entrar. A mãe cedo a ensinou que “o melhor era fazer um apanhado e pronto”. Roupas novas nunca teve. Não havia dinheiro. Ficava com as da irmã, da prima e das vizinhas. A maioria já estragadas, mas “ainda serviam”. A sua imagem feia, triste, desconfiada e amargurada nunca iria atrair ninguém. Nem mesmo ela própria.
Nas tardes que passa no jardim, naquele banco sujo e partido, não raras vezes sei que está a olhar para mim. Gostava de lhe poder um bocadinho da minha luz. Não há pessoas perfeitas e ambas sabemos disso. A diferença é que, felizmente, ensinaram-me a acreditar em mim mesma, como em mais ninguém. A saber que não sou, nem de longe nem de perto, uma modelo de capa de revista, mas posso ser bonita à minha maneira. E sobretudo, aprendi a ser feliz comigo mesma - coisa que quem se senta no banco a ver a vida passar, nunca saberá.
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