Pois é. Habituámo-nos a ouvir falar dos emigrantes que, em Agosto, regressam dos países que os acolheram para passar as férias no seu saudoso Portugal. E habituámo-nos a ouvir falar mal. Porque os avecs gostam de se exibir a falar francês e a trazer os grandes carros que supostamente não usam o resto do ano. Porque os avecs gastam quantias de dinheiro enorme em coisas supérfluas ou mesmo em gorjetas, aparentemente só para dar nas vistas. Porque os avecs enchem os corredores dos supermercados como quem anda a passear e valorizam o país como nenhum outro português o parece fazer. Porque os avecs isto e aquilo.
Mas, pensando na nossa História, não teremos todos nós na família, seja mais próxima ou mais afastada, alguém que algum dia decidiu deixar o país em busca de uma vida melhor? E sejam quais forem os motivos, por necessidade ou por escolha, não continuam os emigrantes a ser pessoas que merecem o nosso respeito?
Claro que é normal caricaturar. Claro que o sucesso do humor assenta, tantas vezes, em ridicularizar situações que nos são próximas ou com as quais nos identificamos. Mas uma coisa é brincar, outra é ir longe de mais. E, a meu ver, é isso que tem sido feito nos últimos tempos, sobretudo nas redes sociais. (Já viram os posts por exemplo da página Bocage 2.0? É que eu vi e senti uma enorme tristeza por perceber que alguém foi capaz de pensar e escrever aquilo.)
Polémicas à parte, eu sou de uma família de emigrantes. Eu própria, ainda que por muito pouco tempo, decidi tentar a minha sorte fora de Portugal. E tenho imensa pena que os emigrantes sejam para nós um mero alvo de chacota, em vez de um motivo de orgulho. Há imensa gente lá fora cheia de talento que se orgulha de dizer que é português e leva o nome de Portugal mais além. Há imensa gente que passa, o ano inteiro, a ser ostracizado porque é imigrante e continua a sê-lo (ostracizado, leia-se) no seu país durante as férias.
E, desculpem-me a franqueza, mas eu prefiro a ostentação dos emigrantes do que o viver de aparências de quem está mesmo aqui ao nosso lado. Afinal, quantos portugueses vão todos os dias ao café, jantam fora todas as semanas, compram carros topo de gama e trazem no bolso o último modelo do iPhone, mas depois não têm dinheiro para pagar as contas?
Mas, pensando na nossa História, não teremos todos nós na família, seja mais próxima ou mais afastada, alguém que algum dia decidiu deixar o país em busca de uma vida melhor? E sejam quais forem os motivos, por necessidade ou por escolha, não continuam os emigrantes a ser pessoas que merecem o nosso respeito?
Claro que é normal caricaturar. Claro que o sucesso do humor assenta, tantas vezes, em ridicularizar situações que nos são próximas ou com as quais nos identificamos. Mas uma coisa é brincar, outra é ir longe de mais. E, a meu ver, é isso que tem sido feito nos últimos tempos, sobretudo nas redes sociais. (Já viram os posts por exemplo da página Bocage 2.0? É que eu vi e senti uma enorme tristeza por perceber que alguém foi capaz de pensar e escrever aquilo.)
Polémicas à parte, eu sou de uma família de emigrantes. Eu própria, ainda que por muito pouco tempo, decidi tentar a minha sorte fora de Portugal. E tenho imensa pena que os emigrantes sejam para nós um mero alvo de chacota, em vez de um motivo de orgulho. Há imensa gente lá fora cheia de talento que se orgulha de dizer que é português e leva o nome de Portugal mais além. Há imensa gente que passa, o ano inteiro, a ser ostracizado porque é imigrante e continua a sê-lo (ostracizado, leia-se) no seu país durante as férias.
E, desculpem-me a franqueza, mas eu prefiro a ostentação dos emigrantes do que o viver de aparências de quem está mesmo aqui ao nosso lado. Afinal, quantos portugueses vão todos os dias ao café, jantam fora todas as semanas, compram carros topo de gama e trazem no bolso o último modelo do iPhone, mas depois não têm dinheiro para pagar as contas?
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