À medida que envelhecemos, há dois tipos de pessoas na vida. As que prefeririam recuar no tempo e voltar a ter a plenitude de quando eram mais jovens, ignorando ou mesmo odiando o seu dia de aniversário por toda a carga que traz consigo. E as que aceitam que envelhecer faz parte, acarreta vivências, aceitação e amor próprio.
Sem dúvida, pertenço a este segundo grupo. Sempre gostei do meu aniversário. Há lá outro dia no ano em que sejamos tão rodeados de coisas boas? Luzes e atenção para o centro do palco... e quem lá está quem é? Sou eu mesma! E depois é festejos, mensagens, telefonemas, presentes, miminhos... tudo a pensar em mim!
Ignorando desde já o que o meu lado egocêntrico acabou de escrever (e que muitos de vocês já estarão certamente a criticar), o aniversário é sem dúvida um momento para olhar para mim própria. Medir expectativas. Há dez anos atrás o que é que a Joana Neves julgava que viria a ser com 30 anos?
Ironia da vida, do destino ou do caminho que esta nova Joana quis escolher, nada daquilo que poderia imaginar. Serei só eu? Aos 30 tenho muito menos que imaginava que teria. Mas tenho também muito mais. É verdade que já fui mais nova, já tive a pele mais perfeita, sem ponta de rugas ou manchas, já fui mais magra e até mais bonita. Aos 15, menina cheia de si mesma, sonhava com um futuro grandioso. Aos 20, pequena aventureira, tinha tempo para tudo e só fazia o que queria. Hoje, aos 30, tenho o melhor que a vida me podia ter dado. Aprendi a gostar de mim mesma, tal e qual como sou, com todos os defeitos e virtudes. Aprendi a ter amor próprio e a cuidar de mim. A parar para olhar só e simplesmente para mim. E aprendi, sobretudo, a valorizar o que a vida me dá.
E a vida dá-nos tanta coisa! É certo que nem sempre aquilo que pedimos ou desejamos, mas se vem vem por um motivo, ainda que naquele momento, nos custe perceber qual é. A vida deu-me a família que tenho, que não é de todo perfeita, mas é minha e é a melhor que poderia ter. Rodeou-me de gente fantástica. Gente que fui conquistando para mim ou que me levou para o seu mundo sem saber como nem porquê. E trouxe-me um amor maravilhoso que vivo todos os dias como se não houvesse amanhã.
Aos 30, sou a mulher que gostaria de ser. Cheia de sonhos e projetos ainda por viver. Elevo as expectativas, mas gosto de ser realista. Acredito que, quando fazemos o bem, ele regressa para nós. Tornei-me uma romântica, daquelas que chora com os finais felizes (às vezes compulsivamente) e que vê o amor nas pequenas coisas. Descobri, aliás, que há amores para a vida toda. Continuo a ser mandona e orgulhosa, mas aprendi a medir as consequências. Continuo a acreditar nas pessoas e nos bons momentos. Gosto do que faço. Gosto de estar bem acompanhada. Gosto de me entreter a escrever. E continuo a vibrar com viagens, cada vez vibro mais. Aos 30 anos sou feliz e só quero continuar a andar para a frente.
Comentários
Enviar um comentário